A terapeuta de família e casal, psicanalista e orientadora parental, Fabiana Ribas contextualiza esse processo e reforça a importância da participação do pai e da mãe nele
A primeira infância é um período crucial para o desenvolvimento de uma criança. Mais do que apenas a aquisição de habilidades motoras e cognitivas, essa fase é marcada pela formação de vínculos afetivos que moldarão a personalidade e o comportamento do indivíduo ao longo da vida.
A terapeuta de família e casal, psicanalista e orientadora parental, Fabiana Ribas explica que o que contribui para o processo de desenvolvimento de uma criança é, em primeiro lugar, uma mãe emocionalmente saudável. “Aqui não é tão fácil, mas o que contribui para que a criança se desenvolva de forma adequada é que a mãe também esteja bem emocionalmente, pois auxiliará no processo de vinculação e também no senso de importância e segurança da criança dentro do sistema familiar ”, contextualiza.
Mas, ela lembra que esse processo deve ser ampliado para o cuidado parental, ou seja, do pai e da mãe, pois esse vínculo é de responsabilidade mútua e impacta diretamente na relação da criança com o mundo. Esse vínculo é construído através da afetividade, da comunicação e da atenção às necessidades do bebê, onde proporciona uma sensação de segurança e pertencimento, fundamental para a exploração do mundo e o aprendizado. “Esse ambiente favorável, adequado para o desenvolvimento, não significa que é elogio o tempo todo. E aqui o elogio é validação. E o que é a validação? Uma atitude positiva de reconhecimento que certa atitude ou ação foi boa, isso pode ser chamada de validação”, explica.
Vínculo familiar
A neurociência comprovou que crianças que têm um ambiente familiar saudável e um vínculo afetivo adequado apresentam um melhor desenvolvimento do sistema límbico, que está relacionado às emoções. “Uma criança que não tem suas necessidades emocionais atendidas ou que não estabelece vínculos adequados pode apresentar um desenvolvimento cognitivo aquém do seu potencial. Ela vai aprender, sim! Mas, poderia se desenvolver mais. Por isso, a vinculação tem impacto direto no desenvolvimento do sistema afetivo e cognição”, explica.
Fabiana afirma que uma família atenta e disponível para apoiar a criança em suas questões cognitivas e motoras proporciona as melhores condições para seu crescimento. No entanto, os pais devem estar atentos para não transformarem o desenvolvimento da criança em uma competição, como também é necessário entender que os marcos de desenvolvimento não ocorrem da mesma forma para todas as crianças, pois as crianças precisam de estímulos apropriados para cada fase do seu desenvolvimento.
Neste mesmo sentido, a construção de um vínculo seguro e a expressão do amor através do afeto na infância – construído pelo pai e pela mãe -, proporcionam um sistema emocional adequado na vida adulta. “Está comprovado que quanto mais pai for participativo, melhor será o desenvolvimento emocional da criança. Ou seja a inteligência emocional tão cobrada na vida adulta, é desenvolvida desde a primeira infância: do zero aos sete ano” por isso a necessidade de se estabelecer vínculos sólidos e seguro na infância, enfatiza a terapeuta.