O uso excessivo de tecnologia gera problemas a serem vencidos por todos. Isolamento social, dependência emocional e dificuldade de concentração estão entre os desafios
Parece história de filme. Mas, quando você vai ao restaurante já parou para observar quantas pessoas estão conversando e quantas estão usando o celular? Seja neste local, na rua, no transporte público e até na igreja, estamos observando uma necessidade de estar “conectados” com o mundo virtual. O uso excessivo de tecnologia como smartphones, tablets, computadores e televisão, está se tornando um problema crescente entre crianças, adolescentes e adultos.
A dependência tecnológica já é reconhecida como uma doença, conhecida como nomofobia, que é o medo de ficar sem o celular. A terapeuta de família e casal, psicanalista e orientadora parental, Fabiana Ribas explica que, comparada a outros tipos de vícios como o químico, a dependência tecnológica também tem seus efeitos devastadores no cérebro e na vida social. “Ao liberar dopamina, que é o neurotransmissor, cada notificação, curtida ou nova mensagem recebida alimenta esse ciclo vicioso, mantendo as pessoas, em especial, os jovens, cada vez mais conectados e dependentes desse artifício”, explica.
Impactos negativos
O uso excessivo de dispositivos está diretamente relacionado ao isolamento social, pois as interações face a face são substituídas por conversas virtuais e redes sociais, que muitas vezes não proporcionam o mesmo nível de conexão emocional. Além disso, reforça Fabiana, surgem também problemas de saúde. O excesso de tempo diante das telas contribui para a obesidade, devido à falta de atividades físicas, além de prejudicar o sono e a visão. Também se observam dificuldades de concentração e aprendizado, já que as constantes distrações comprometem a capacidade de manter o foco em tarefas mais longas e exigentes, como estudar ou ler.
Fabiana expõe outro ponto de preocupação que é a pressão em torno da imagem. Ao estarem mais conectados tecnologicamente, as pessoas ficam preocupadas com a forma como são vistas on-line, gerando quadros de ansiedade, baixa autoestima e outros problemas emocionais. “Como mamíferos, nossa condição emocional e de sobrevivência é de se relacionar com o outro, desenvolvendo a vinculação. Mas, com a tecnologia entrando no ambiente familiar, muitas vezes, as pessoas estando no mesmo local estão distantes, devido ao uso da tecnologia”, frisa a terapeuta.
Qual é o papel dos pais?
O uso excessivo da tecnologia se torna um refúgio que disfarça, mas não resolve, problemas emocionais mais profundos. Ao recorrer às telas para fugir do estresse ou do tédio, os jovens perdem a oportunidade de aprender a lidar com suas emoções de forma saudável e construtiva. A conscientização sobre os perigos da dependência tecnológica deve ser discutida amplamente, pensando na resolutividade da situação. Fabiana enfatiza que debater o tema em família, de forma aberta, é o caminho. Criar momentos em que a família desligue da tecnologia, a partir de valores, prioridades a exemplo de horários onde o celular/ tv pode ser utilizado e outros não, são condições de um plano que pode promover e reforçar os vínculos sem telas. “O combate à dependência digital começa com informação, limites claros e o estímulo ao contato humano e à vida real”, finaliza.
Recentemente, a terapeuta participou do 2º Ciclo de palestras Interciclos, com o tema “Famílias e Era Digital”, organizado pelo Instituto de Formação e Centro de Pesquisas e Terapia (Interciclos) e a Unoesc Chapecó, com apoio também é da Associação Catarinense de Terapia Familiar (ACATEF) e Associação Brasileira de Terapia Familiar (ABRATEF). Junto com o psicólogo, Guilherme Marafon debateram o tema “O vício oculto das telas”.
Filó Comunicação
